JFonsi
"Não temo ao que me desperta"
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Textos

Terminei o show,

mas o aplauso ficou preso na garganta do tempo.

Corri, sem olhar pra trás,

pra habitar uma casa que já era minha antes de eu nascer.

 

Portas de madeira antiga —

rangem como memórias que não sabem mais mentir.

Janelas largas, como olhos cansados

de vigiar os medos que dormem no quintal.

 

Chegaram os fantasmas de ontem,

amigos que o tempo bordou no tecido da alma.

Disseram que ali cabia ensaio,

mas eu só ouvia o eco de coisas que nunca disse.

 

Então mudei de cenário:

o casarão virou templo suspenso,

e a solidão ganhou forma —

um vulto de sonhos não sonhados,

que surgiu com o cheiro da tarde e entrou sem bater.

 

Quis saber o que guardo nas bagagens da alma.

Respondi com a desculpa de sempre: “É de outra era.”

Mas o zíper rasgou silêncios —

fantasias de sombras, desejos com asas de couro,

relíquias de um fogo ancestral.

 

E ali, entre o susto e o riso,

eu compreendi:

há casas que reformamos por fora

para esconder os cômodos onde arde o invisível.

JFonsi
Enviado por JFonsi em 28/04/2025
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