Na névoa tênue da madrugada,
surgiu a coruja, serena e alada,
com olhos que viam além da ilusão,
fitando minha alma em sua imensidão.
Diante dela, meus disfarces caíam,
como folhas secas que ao vento partiam.
A fantasia, tão doce, se desfez,
e a realidade mostrou sua vez.
O olhar da coruja, antigo e profundo,
rompeu o feitiço que eu tinha do mundo.
Sem máscaras, nu, apenas eu,
sob a luz silenciosa do seu olhar breu.
E entre o sonho e o despertar,
aprendi, enfim, a me revelar:
que às vezes é preciso despir-se do véu
para enxergar a verdade no espelho do céu.